Propor ações envolvendo arte e cultura dentro de hospitais, era algo difícil de ser concebido há algumas décadas.
Era visto com inúmeras ressalvas pelos profissionais da saúde responsáveis pelo atendimento.
Afinal, o clima de leveza e descontração gerado por estas atividades em nada parecia combinar com as dificuldades naturais diariamente vividas por eles no ambiente hospitalar.
Hoje, felizmente, essa realidade faz parte do passado.
Cada vez mais os artistas e os educadores são requisitados em todas as áreas das instituições de saúde.
É um movimento sem volta, graças à compreensão universal de que o tratamento humanizado é um processo vital na recuperação física e psicológica do indivíduo.
Embora ainda haja muito a se fazer no que diz respeito à humanização das relações nos hospitais, é notável o grande avanço experimentado nos últimos anos.
Porém, intriga olhar para trás e tentar entender a razão de jamais se pensar em uma humanização voltada também aos profissionais da saúde.
Não parece óbvio que, para tratar os pacientes em sua plenitude, é preciso, em primeiro lugar, buscar melhorar as condições de trabalho de quem cuida deles no dia a dia?
Muito pouco se faz a este respeito. O que se constata são jornadas de trabalho exaustivas, pressão psicológica em seu nível mais elevado e salários incompatíveis.
O resultado disso são profissionais da saúde com estafas física e mental, recepcionista, faxineiro, cozinheiro até os médicos, passando pela equipe de enfermagem.
Para os auxiliares de enfermagem, técnicos e enfermeiros, o cenário é ainda mais desafiador.
São eles os responsáveis pela linha de frente do atendimento, posição estratégica e ao mesmo tempo delicada, à medida que os obriga a sofrer pressão de todos os lados.
Firmou-se por aqui uma visão distorcida de humanização, como se ela se limitasse a ações esporádicas para trazer alguma leveza à dura realidade de nossas instituições de saúde.
Na verdade, deve ser concebida como modelo de gestão a ser aplicado e fiscalizado no cotidiano das instituições.
O sucesso de qualquer meta nessa área precisa, portanto, passar pela valorização do profissional da saúde.
Para que ele de fato compreenda o seu papel na instituição, seja devidamente capacitado e saiba atuar de forma eficaz nas questões enfrentadas pelo paciente.
A boa notícia é que alguns hospitais parecem estar despertando para tal realidade. Procuram levar um novo olhar aos seus profissionais.
Ainda é muito pouco, obviamente, diante do panorama preocupante da saúde no país.
Da mesma forma que o conceito de humanização para o paciente evoluiu nos últimos anos, é possível estender essas ações em larga escala também aos profissionais da saúde.
Uma nova ordem que beneficiará a todos nós que, querendo ou não, um dia necessitaremos dos serviços desses profissionais nos hospitais.